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Textos e Imagens

quarta-feira, abril 25, 2007

A NOITE


A noite hoje gritou-me o teu nome cruelmente aos ouvidos.

Eu torcia-me, febril, espasmódico, e nos dedos apertava os teus, imaginários.

Ouviste o meu grito ecoar no teu silêncio?

Devias dormir, amor, solto como um anjo, tu que és tão isento de culpas.

Já te disse que te vou conspurcar toda a inocência?

Que te vou apertar nos meus braços e apagar de ti os anos de solidão?

Devo ter dito quando gemo o teu nome. Ou talvez não tenha dito.

Talvez apenas tenha sonhado.Às vezes liberto mensagens nas nuvens e aguardo que elas te as entreguem.

As nuvens são boas mensageiras, disse-me um dia uma ninfa que passou apressada por aqui.

E eu acreditei.Então murmuro-lhes poemas e em seguida escrevo o teu nome no baço da janela e aguardo que nos meus sonhos venhas e me digas "ouvi-te... dizias que precisavas de mim. estou aqui."Mas os meus sonhos são sempre dessassogados, amor.

São sempre amargos.São restos, são sementes da intensa tortura de ser eu durante anos a fio (agir de acordo com o silêncio nunca é fácil).

Fecho os olhos e imagino o teu rosto, o teu sorriso sempre tão quente, os teus braços a estreitarem-me junto ao teu peito enquanto com os dedos me passeias os cabelos.

És só tu amor, que me acalmas a dor, que me limpas o rosto suado, que te inclinas e me dás água enquanto seguro o copo tremente.

E me murmuras: "estou aqui...amo-te..".

Quase sem voz. Apenas suaves carícias dos lábios (existem palavras que são carícias que a língua faz e perpetua).

É o teu nome que grito silenciosamente nestas noites em que a dor se espalha por mim.

Quando agarro os lençois desesperado é o teu rosto que desenho para me serenar.

Depois adormeço. Embalado na tua presença. Adormeço com a respiração alterada, o corpo cansado das lutas nocturnas.

De manhã quando ouço a tua voz doce, quente, serena a acariciar-me a alma digo jovialmente: "sim amor está tudo bem. sinto saudades tuas.

"As noites são só das nossas almas. Não quero falar delas quando o Sol se levanta.

Parecem demasiado irreais.As noites amor... gritam-me o teu nome cruelmente aos ouvidos.

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