Textos e...

Textos e Imagens

quarta-feira, maio 02, 2007

Nao...


quero deixar de ver estrelinhas onde só há nevoeiro

quero deixar de desenhar corações com os dedos no teu corpo

quero deixar de sonhar com os pesadelos do amanhã

quero dizer-te que não

deixou de haver espaço para mim debaixo dos teus pés

larguei as asas para te acompanhar, num passo incerto que não me levou a lado nenhum

abandonei o tempo para deixar de não ter tempo para ti, ou para esperar por ti

sei agora que tudo foi em vão. sei que afinal eu nem te queria tanto assim, porque não se pode querer o que já se tem, eras meu por imposição da vida, dos caminhos, por imposição divina, de quem não vê por dentro de nós

larguei as asas para te acompanhar, num caminho sem fim que eu afinal nem queria percorrer

fui teu. Sim fui teu. quis ser teu por saber que não seria para sempre.

quis acreditar que seria para sempre. Apesar de não ser sempre.

Não conseguimos cantar juntos. Nem dançar juntos

quero dizer-te que não

já não há inevitabilidade que nos junte, já não há horas certas, nem caminhos de encontros, já não há futuro, nem coisa nenhuma que se pinte de sol.

De nós aqui restamos nós. Eu e tu. Sem planos. Nem desejos. Nem coisas bonitas para se dizer. Sem olhares. Sem compassos certos. Sem banda sonora. Eu e tu.

Separa-nos agora o tempo que se esgotou. Separa-nos as lágrimas que nunca foste capaz de chorar. Aquelas que eu chorei por ti. Separa-nos os sorrisos todos que queremos guardar. Separa-nos um oceano de prazeres, que já não desejamos. Separa-nos um compasso trocado e um passo errado.

Não sei qual de nós escolheu o fim. Nem porque nos apeteceu tanto não sofrer.

Sei, como sei o Sol, que nos separa qualquer coisa que nunca mais nos pode juntar.

Separa-nos o fim de nós no esgotamento natural dos sentimentos.

No esvaziar das palavras sem sentido.

chega de coisas bonitas

chega de promessas perdidas

chega de ouvidos vazios

chega de nos inventarmos quando afinal nem nos queríamos

chega de beijos em troca de fingirmos desejos

o meu caminho não é por aqui e sei que o teu passa por uma lagoa azul lá na terra do sol.

o meu é mais céu.



Voltou a colocar as asas.

Percebeu que nunca é tarde para se tentar mais uma vez.

Subiu a uma rocha pendente sobre o mar.

Respirou fundo.

Abriu as asas……E voou



é assim que me quero amanha.

De asas abertas.

De olhos no mar.

de sonhos vazios para poder voltar a acreditar no amor.

Só longe de ti. Só longe de ti posso voltar a amar.… E voar

E dizer-te não só mais uma vez… A última vez…

Onde....


Dou comigo muitas vezes a pensar no que fazer com o peso do que sinto.
Quando não temos alvo para atirar, nem corpo para carregar de nós.
Onde metemos o adoro-te quando já ninguém o quer ouvir?
Ou quando já ninguém o merece?
As palavras não morrem com os seus destinos.
Mudam de morada, de corpo, não morrem.
Mas quando as enviamos para parte incerta, sem nome no destinatário, será que elas acertam na porta?
Será que não se perdem pelo caminho.
Eu perco-me todos os dias e trago um Amo-te agarrado a garganta que não sai, não mata e não morre...

terça-feira, maio 01, 2007

Se


Se as minhas mãos tremem e a minha voz me falha, não me aches frágil. Sou só muito mau a mentir.

Se os meus olhos me denunciam as mentiras, não me aches frágil. Sou só muito mau a mentir. Se as minhas frases não fazem sentido, não me aches frágil. Sou só muito mau a mentir.

E se um dia me pedires a verdade, levas a mentira onde te agarras, onde me agarro, a única mentira que sei manter.

A mentira mais verdadeira que conheço. Chama-se amor, tem asas de ouro e o seu travo é mel.

Se um dia a noite me exigires amor, amor darei, sem receios, sem ter as mãos a tremer, e sem a voz me falhar, sem os olhos me denunciarem.

Darei amor quando a lua me o exigir

Talvez porque não seja mentira.

Talvez porque seja a melhor mentira que tenho.

Por ti